O Jornalismo Especializado, não abrange simplesmente um público específico, mas propõe ao leitor enquanto cidadão uma relação de serviços, muitas vezes até fomentando o consumo.
Entrevistamos a jornalista e bailarina Marcela Benvegnu, 29 anos, onde explicou um pouco mais de sua especialização.
Qual sua formação acadêmica?
Jornalista pela Universidade Metodista de Piracicaba, pós graduada
O que é cultura pra você?
Cabe aqui uma reflexão sobre o assunto porque essa pergunta nos permite milhares de interpretações. A lição etimológica assinala que o termo “cultura” tem base agrícola, a palavra recobre, originalmente, o cultivo da terra, o trabalho da lavoura. Neste sentido, cultivar não significa apenas o crescimento, mas também o cuidar deliberado. Vendo as coisas do ângulo da etnologia, Edward Burnett Tylor nos traz outros elementos para uma definição. Nessa ótica, a cultura seria: O complexo que inclui conhecimento, crenças, arte, morais, leis, costumes e outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade. Portanto correspondem, neste último sentido, às formas de organização de um povo, seus costumes e tradições transmitidas de geração para geração que, a partir de uma vivência e tradição comum, se apresentam como a identidade desse povo. (TYLOR, 1982, p.5) No meu ponto de vista cultura é toda e qualquer situação em que o corpo se expõe, ou seja, é todo o ambiente, todas as situações, como ditas anteriormente.
Por que você se especializou em cultura?
Desde pequena tive contato com diversas manifestações de arte. Fazia aula de dança, de música, ia ao teatro, concertos, balés. Estudei em uma escola que também privilegiava essas formas de arte
Conte-nos um pouco da sua rotina.
Sem rotina. Essa é a verdade. Mesmo quando trabalhava na redação, não existia rotina. Você pode ter uma pauta pré-estabelecida, porém, tudo pode acontecer, e a capa do caderno mudar a qualquer momento. Essa é a graça. Essa imprevisibilidade te faz "sentir" jornalista. Aprender a lidar com o acaso, com a surpresa. Isso faz de nós melhores profissionais. Não ter feriado, não ter Natal. Estar na redação. Vale a pena. E valeu cada minuto que vivi no JP. Lá aprendi a ser jornalista, a ser profissional. Acreditam em mim sem ter experiência. Eu adorava os imprevistos, as pautas de última hora. Eram os melhores textos. Minha editora realmente me ensinava. Rotina é algo que o jornalista não sabe o que é. Na São Paulo Companhia de Dança isso se mantém. Não existe uma rotina específica. Ao mesmo tempo em que escrevo um texto para ser enviado para a nossa assessoria de imprensa soltar, assisto à um ensaio, converso com o figurista, contrato um fotógrafo e escrevo um texto mais reflexivo para um material específico. É preciso dizer quanto um novo emprego nos trás desafios. Trabalhar lá é um privilégio, são os melhores profissionais da área. É a união da dança e do jornalismo. Na Companhia tudo é movimento. Quando menos se espera se dança com palavras, se dança com olhares. E se temos que falar em rotina, a rotina de um jornalista de cultura se dá fora do trabalho: é preciso ler muito, transitar pelas mais diferentes áreas, estar-nos mais diferentes lugares e no meu caso, ver muitos espetáculos.
Qual é a dica para pessoa que não tem poder aquisitivo para usufruir da cultura oferecida, como teatro, cinema e bons livros?
A cultura está em qualquer canto. A maioria dos teatros no país hoje tem temporadas a preços populares. O Sesc oferece no Brasil todo espetáculos que privilegiam todas as áreas da cultura, como música, dança literatura, artes plásticas, a preços excelentes. Sem contar nas centenas de espetáculos gratuitos que temos. São centenas. Acredito que é preciso boa vontade para procurar, para estar. Poder aquisitivo é apenas um detalhe quando a cultura é uma opção.
Liliene Santana,
Lilian Freitas
Nota- Crédito Mateus Medeiros
Nenhum comentário:
Postar um comentário